Negociação havia sido adiada pelo governo Obama, que acusava os nigerianos de terem bombardeado um campo de refugiados; contrato é avaliado em US$ 593 milhões Thiago Vinholes | Airway O governo dos Estados Unidos concordou formalmente em vender à Nigéria 12 aviões de ataque A-29 Super Tucano e armamentos compatíveis com a aeronave desenvolvida pela Embraer, informou a agência Reuters . O contrato é avaliado em US$ 593 milhões, cerca de R$ 1,8 bilhão. O Super Tucano é fabricado pela Embrar em Gavião Peixoto e nos EUA, em parceria com a Sierra Nevada (FAB) O processo de venda das aeronaves, iniciado no ano passado, havia sido adiada pelo governo de Barack Obama, em uma de suas últimas decisões como presidente, que acusava o país da África Ocidental de ter bombardeado um campo de refugiados em janeiro deste ano, que deixou 52 mortos e mais de 200 feridos. Após a posse de Donalt Trump, no início deste ano, a negociação foi retomada e desta vez aprovada. A Nigéria alega que os Su
Desde que foi lançado, em 2004, o A-29 Super Tucano, da Embraer, já combateu as FARC, foi usado no Afeganistão e ganhou a preferência da Força Aérea dos Estados Unidos
Kaluan Boarini Bernardo | Gazeta do Povo
Um avião brasileiro foi considerado essencial na luta contra as FARCs na Colômbia, irá combater o grupo terrorista Boko Haram na Nigéria e ainda participou de missões norte-americanas no Afeganistão. O Super Tucano, como é conhecido o A-29, produzido pela Embraer, venceu acirradas disputas por contratos milionários e já foi vendido a 13 países. Agora, ele briga por contratos bilionários.
A-29 Super Tucano | Agência Força Aerea Divulgação |
“Por suas características de desempenho e baixo custo operacional, o Super Tucano tem atraído o interesse de diversas nações. Trata-se de uma aeronave turboélice robusta, versátil e potente, capaz de executar uma ampla gama de missões, mesmo operando em pistas não preparadas”, comenta a Embraer via assessoria de imprensa.
Mas o que exatamente coloca o Super Tucano, um avião projetado para voar nas regiões amazônicas, um dos grandes produtos tecnológicos exportados pelo Brasil? Segundo a Embraer o principal é o fato de ele ter sido, desde o início, desenvolvido para cumprir missões de ataque leve e treinamento avançado. “Não é uma versão adaptada de um avião de treinamento ou um avião agrícola”, reforça a companhia.
O Super Tucano é a evolução de outro avião, o BEM-312 Tucano. É fruto de um pedido da Força Aérea Brasileira (FAB), de 1992, que precisava de uma aeronave para executar missões de ataque ao solo, apoio aéreo aproximado, reconhecimento armado, patrulhas diurnas e noturnas de fronteiras, além de escolta e controle aéreo avançado
Oficializado em 2004, passou a ser empregado pelo braço armado do Sistema de Vigilância da Amazônia. O avião, que já superou 320 mil horas de voo e 40 mil de combate, é um importante projeto criado pela defesa do Brasil para assegurar o espaço aéreo da região.
Por operar em um espaço com altos níveis de temperatura e umidade, o Super Tucano se dá bem em ambiente inóspitos e sob condições severas, onde há pouca infraestrutura de apoio.
A Embraer destaca que ele tem 15 configurações certificadas de armamento e está equipado com tecnologias avançadas em sistemas eletrônicos, eletro-ópticos, infravermelho e laser, além de sistemas de rádios seguros com enlace de dados.
O avião também conta com sistemas de geração de oxigênio onboard, sistema de navegação inercial, radar altímetro, receptor de alerta radar, duas metralhadoras ponto 50, 1,5 tonelada de foguetes, mísseis e bombas, incluindo algumas guiadas a laser.
Seu propulsor, um Pratt & Whitney PT6A-68/3 de 1.600 SHP permite que a aeronave chegue à velocidade máxima de 590 km/h e alcance de 2.855 km (com tanques externos), com autonomia máxima de 8,4 horas.
Hoje, o Super Tucano disputa um novo contrato nos EUA, que estuda a possibilidade de comprar 120 a 300 aeronaves por até US$ 3,5 bilhões. O avião vencedor substituirá o jato A-10 Javali na frota de ações contra alvos no solo. Enquanto uma hora de voo com a A-10 Javali não sai por menos de US$ 17 mil, o Super Tucano custa apenas entre US$ 1 e US$ 1,5 mil pelo mesmo tempo em operação.
O vencedor do contrato só deverá ser anunciado na primeira metade de 2019. O Super Tucano disputa a oferta com empresas como a Beechcraft, com o AT-6 Wolverine e a Textron Airland, com o jato Scorpion.
Com aval dos EUA
Independente do futuro contrato, o Super Tucano goza, desde 2013, com o aval da maior força militar do mundo. Há quatro anos a Embraer, em parceria com a estadunidense Sierra Nevada, venceu a concorrência do programa LAS (Light Air Support), que procurava aviões de apoio aéreo leve para os EUA.
Reportagem publicado na revista Forças da Defesa, em 2013, explicava que o governo estadunidense buscava “estabelecer uma capacidade de combate local em conjunto com as forças aéreas de numerosos países parceiros”. Por isso, pediam uma aeronave que obrigatoriamente fosse um monomotor existente, da categoria turboélice de asa fixa, com dois assentos ejetáveis, além de cockpit pressurizado e trem de pouso triciclo retrátil — requisitos atendidos pelo Super Tucano. A lista, na verdade, era bem mais extensa, porém o avião brasileiro se enquadrava em tudo.
O único avião que disputava com o Super Tucano era o mesmo que ainda concorre com ele hoje: o AT-6 Wolverine, da texana Beechcraft. Ambos foram avaliados em 2010 no Novo México. Um ano depois, o brasileiro venceu. Porém, após uma série de recursos judiciais dos perdedores, uma nova seleção foi feita e, em 2013, o Super Tucano venceu novamente.
“O fato de ter sido selecionado pela Força Aérea dos Estados Unidos, que é referência mundial, funciona como um selo de qualidade da aeronave”, comenta a Embraer. Desde 2016, a aeronave também realiza missões de treinamento avançado, reconhecimento aéreo e apoio tático nos EUA — o que impulsionou ainda mais o prestígio da nave brasileira no mercado global.
Independente do futuro contrato, o Super Tucano goza, desde 2013, com o aval da maior força militar do mundo. Há quatro anos a Embraer, em parceria com a estadunidense Sierra Nevada, venceu a concorrência do programa LAS (Light Air Support), que procurava aviões de apoio aéreo leve para os EUA.
Reportagem publicado na revista Forças da Defesa, em 2013, explicava que o governo estadunidense buscava “estabelecer uma capacidade de combate local em conjunto com as forças aéreas de numerosos países parceiros”. Por isso, pediam uma aeronave que obrigatoriamente fosse um monomotor existente, da categoria turboélice de asa fixa, com dois assentos ejetáveis, além de cockpit pressurizado e trem de pouso triciclo retrátil — requisitos atendidos pelo Super Tucano. A lista, na verdade, era bem mais extensa, porém o avião brasileiro se enquadrava em tudo.
O único avião que disputava com o Super Tucano era o mesmo que ainda concorre com ele hoje: o AT-6 Wolverine, da texana Beechcraft. Ambos foram avaliados em 2010 no Novo México. Um ano depois, o brasileiro venceu. Porém, após uma série de recursos judiciais dos perdedores, uma nova seleção foi feita e, em 2013, o Super Tucano venceu novamente.
“O fato de ter sido selecionado pela Força Aérea dos Estados Unidos, que é referência mundial, funciona como um selo de qualidade da aeronave”, comenta a Embraer. Desde 2016, a aeronave também realiza missões de treinamento avançado, reconhecimento aéreo e apoio tático nos EUA — o que impulsionou ainda mais o prestígio da nave brasileira no mercado global.
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